Nascido em Blumenau, Antônio ganhou fama por vestir as
pessoas mais influentes da capital do estado. Festas nos casarões de Jurerê
Internacional? Sorrisos em alta costura estampados nas colunas sociais dos
jornais da ilha? Casamento de gente importante com gente importante, em igreja
importante, com convidados importantes? Pode saber que haverá uma porção de
senhoras e senhoritas com trajes da Antônio Maraski Store.
Conheci o Antonio pelos acasos tecnológicos da vida.
Bendito seja o inventor do Instagram, bendito seja Steve Jobs e suas criações,
benditos sejam os estilistas que criaram as peças incríveis, que, pelo meu iPhone,
as vi depois de serem fotografadas pelo iPhone do Antônio. Um curte daqui,
outro de lá, e percebi que, além de empreendedor, ele era muito mais do que um
jovem sonhador passando pela rua. Tomara que você também consiga ultrapassar em
alta velocidade essa impressão depois de saber um pouco mais da vida dele.
Rua247: A afirmativa é clichê, mas a construção de
quem somos hoje depende muito do que fomos no passado. Como era o Antônio do
passado?
A: Gente, minha infância foi tão comum que não tem nem
graça contar. Daquelas crianças que brincavam na rua, que tinha um vizinho na
frente, atrás, ao lado. Mas se teve algo que piora muito a tese de que a gente
é o que já foi, posso dizer que eu, quando pequeno, era tão cafona, mas tão
cafona, que... Jesus! Usava um colete jeans do Pato Donald com a manga toda
desfiada. E adorava. Talvez o que absorvi de lá foi a minha vontade própria em
escolher sozinho o que queria usar. Acho que não houve marco algum na minha
infância. A única marca mesmo foi a que ficou depois que eu bati minha cabeça
numa pedra e levei trocentos pontos.
Rua247: Então foi só depois que você bateu a cabeça
que o gosto pela moda entrou em ação na sua vida?
A: Se eu disser que sim você vai me achar muito
estranho? Eu passei a pedir pra minha mãe desfiar minhas calças, usava aquelas
pulseiras de bolinhas japonesas, cortava minhas roupas, passava silvertape nos meus tênis e deixava
todos eles prateados. Ai, que cafona. E uma confissão: eu era todo maloqueiro.
Maloqueiro e cafona. Daqueles que usam boné de aba reta com o elástico pra
fora. Triste, né? Sorte que essa fase não durou muito e logo abandonei a silvertape dos tênis pelas revistas de
moda. Passei a gostar de consumir moda. E me tornei um consumista nato e
desenfreado.
Rua247: Versátil você, então! Mas como bancar todo
esse consumo? Alimentar-se de moda não custa tão barato assim, né?
A: Ih, meu filho, tem que ralar pra patrocinar tudo isso!
Trabalhei seis anos num escritório de contabilidade, fazia o curso técnico em
contábeis e, no último semestre, antes de me formar, larguei tudo para fazer um
curso de produção de moda. Mais tarde, comecei a cursar design de moda, até que
me mudei pra Tijucas, abandonei a faculdade e criei um blog, o Blogueskine. Em
seguida, fui contratado como desenhista de estampas e só depois o Jairo me
apresentou ao Gilmar e surgiu a ideia da loja.
Rua247: Calma, muitos nomes! Contextualiza pra gente,
Antônio!
A: Ah, Jairo é o meu companheiro, meu marido. A gente se
conheceu na balada, em Balneário Camboriú, em 2009, quando eu tinha 21 anos. Parece
impossível um beijo na noite virar um casamento, né? Tive sorte. Foi o Jairo
quem me incentivou a estudar moda, quem me apoiou quando tive minhas maiores
dúvidas e meus maiores medos. Depois do nosso primeiro ano de namoro e de
muitas viagens de fim de semana - já que eu morava em Blumenau e o Jairo em
Tijucas -, resolvemos morar juntos. Nossos 25 anos de diferença [Jairo fez 50
anos em Dezembro] nunca foram problema e foi só quando eu saí de casa que minha
família conheceu meu parceiro. Primeiro, como um amigo, é claro.
Rua247: E como foi a reação dos seus pais? Eles já
estavam cientes da sua orientação sexual?
A: Eu me descobri
sendo gay junto do meu melhor amigo. Fomos criados juntos, nossos pais eram
sócios, crescemos juntos. Estávamos a caminho da balada e foi engraçado: nós
dois nos olhamos e dissemos ao mesmo tempo algo do tipo “oi, amigo, eu sou gay,
pronto, falei!”. Ainda assim, nunca disse diretamente aos meus pais com todas
as letras que sou homossexual. Mas eles sabem, a gente sempre sabe que eles tão
sacando tudo. E mesmo sem saberem da minha boca, senti uma segurança enorme a
ponto de confiar muito nos dois e me sentir muito protegido. Sempre digo que
foi mais difícil contar pra minha família que eu ia largar contabilidade pra
fazer moda do que pra dizer que eu ia morar com o homem da minha vida.
Rua247: Você
pode se considerar um garoto de sorte, não? Ter pais sem preconceito, um companheiro
incrível e uma loja renomada. A propósito, e a loja, como surgiu depois de
todas essas voltas que você deu pela vida?
A: Ah, sim, sou
sortudo, mesmo. Hoje Jairo e meu pai são melhores amigos e minha mãe deve até gostar
mais dele do que de mim! Mas, depois da minha mudança pra Tijucas, de trabalhar
com as estampas e de ter criado meu blog, o Jairo me apresentou ao Gilmar, um
cara incrível, amigo das melhores modelos do mundo e dono de um faro
espetacular para os negócios. Gilmar veio a Florianópolis com a top Ana Beatriz
Barros para mais uma edição do Monange Dream Fashion Tour. Aquela coisa era
brega, mas se havia modelo bafo e gente entendida de moda, então era pra lá que
eu ia! Depois do evento, Gilmar, eu e Jairo conversamos muito e resolvemos
abrir um business no Brasil. Ao final da conversa, já estávamos decididos do
que iríamos fazer, e passando em frente ao shopping Beiramar acabamos decidindo
também onde seria nossa loja. Em uma semana, tudo resolvido: dos móveis à
importação dos vestidos mais bafônicos
da cidade.

Rua247: Pelo
que você conta, essa transformação foi muito rápida e, embora você continue
envolvido com moda, você já sabia que teria uma loja quando se tornasse adulto?
A: Nunca. Eu
queria ser estilista. Ou qualquer coisa que um designer de moda soubesse fazer.
Porém, as oportunidades surgem e não me arrependo nem um pouco de ter largado
tudo para ganhar uma loja no meu nome. Desde 18 de agosto de 2011, abrimos as
portas e fincamos nosso nome na moda de Floripa.
Rua247:
Abriram as portas e aí, Antônio, como manter e alcançar um público consumidor
permanente?
A: Nossa primeira
cliente é cliente até hoje. Inexplicavelmente a loja começou a bombar, tudo sem
um real em publicidade Logo as clientes foram contando que aqui os vestidos são
impecáveis com preço baixo, daí já viu, né? Muitas formaturas e casamentos
fizeram nosso estoque total acabar em 30 dias. Acho que o maior diferencial da
loja é, além do preço e da qualidade, o atendimento. Só falta a gente abraçar a
cliente, porque todo mundo aqui ama o que faz.
Rua247: Depois
de tantas conquistas, você pode-se dizer como alguém realizado? Quais os planos
do Antônio do futuro?
A: Ah, a gente
está em expansão, abrimos final do ano passado uma loja em Curitiba e
continuamos com o sonho de ter uma Maison, num casarão antigo e chiquérrimo! Acho que eu to na melhor fase da minha vida. E
que continue assim!

Adoro moda, adoro estar perto dela! Meu sonho é um dia poder trabalhar nesse meio. Seria uma das minhas grandes realizações. Muito boa a matéria e super gostei de conhecer mais uma pessoa que contribui com esse mundo. Muito sucesso a ele e pra vocÊs. Curti o Blog :D
ResponderExcluirPosso falar? AMEI participar deste projeto! O Milton, mais uma vez inovando com este veículo de comunicação que deve mudar o olhar das pessoas sobre moda, comportamento e lifestyle. Invadir a privacidade das pessoas, relatando fatos importantes e ainda mostrando looks que podem nos inspirar, é para poucos. Mas o cara sabe muito bem fazer isso... e bem feito. Vou morar na Rua 247 a partir de hoje.
ResponderExcluir